O
aniversário de 164 anos de emancipação do município do recôncavo baiano
Maragojipe não foi festejado. Ao contrário do que acontece todos os
anos, o clima tenso entre segmentos organizados do funcionalismo público
e a prefeita Vera Lúcia (PMDB) impediu as comemorações e dividiu a
cidade em duas partes.
Vestidos de branco com uma mensagem de pedido de paz, servidores e
apoiadores da atual gestão ocuparam uma parte do centro da cidade e
endossaram as ações de Vera. De preto, com mensagens pedindo respeito,
outros trabalhadores caminharam pelas ruas da cidade em movimento
contrário ao da atual prefeita.
O ambiente está tão instável que a cerimônia tradicional de hasteamento
da bandeira e a sessão solene com entrega de títulos de cidadão
maragojipano não aconteceram. As portas da Câmara Municipal ficaram
fechadas e os vereadores de oposição participaram da marcha de repúdio à
prefeita.
Greve
Como já noticiado pela reportagem do Bocão News, a prefeitura cortou os
salários dos servidores que participaram da greve realizada na cidade de
1 a 15 de abril. O secretário municipal de governo Gilberto Sampaio
afirma que esta foi uma paralisação ilegal e que, portanto, a gestão não
poderia ser conivente.
O presidente do sindicato dos servidores, Edmário Ferreira dos Santos –
conhecido como Mário de Dezinho – argumenta que não há nenhuma decisão
que sustente a afirmação do secretário. O sindicalista revela ainda que
os cortes salarias foram feitos sem que houvesse processo administrativo
aberto contra qualquer servidor.
Na avaliação do secretário, o movimento paredista tem caráter político.
Ele ressalta ainda que a administração municipal não aceita negociar com
associações. De acordo com Sampaio, apenas os sindicatos têm a
legitimidade para participar de mesas de negociações. Embora reconheça
que havia negociações entre associações e prefeitura em gestões
passadas, o secretário sustenta que se tratava de uma permissividade.
Os representantes de associações discordam e acusam a prefeita de
perseguir politicamente as lideranças do movimento paredista. É o caso
da professora Lilian que teve o salário cortado, além de ser transferida
para escolas da zona rural. O secretário nega e questiona a “vontade de
trabalhar de alguns”.
Vera Lúcia participou da missa realizada na igreja matriz no por volta
das 7 horas. Segundo Juarez Guerreiro, liderança política local, ela
utilizou a oportunidade de discursar para prestar as contas de governo.
“É um absurdo ela fazer palanque e prestar contas da administração
durante uma missa. Foi mais um desrespeito desta prefeita”.
Os casos mais acintosos são de representantes da associação de agentes
comunitários de Saúde, Mario dos Santos – Tilinga – e de Ilma Conceição.
Os dois estão há quase três meses com os salários suspensos. A gestão
municipal alega que a dupla está sem receber porque teve a licença
classista cassada.
Os dois negam as acusações e expõem a situação. “Não passamos fome
porque temos amigos, colegas que se mobilizaram e família, mas esta é
uma situação extremamente complicada”, afirma Tilinga.
Na última segunda-feira (5) o juiz substituto da cidade Gustavo Teles
Veras Nunes determinou ao município que “proceda com os pagamentos dos
vencimentos e dos atrasados”. Ainda no documento o magistrado requer a
intimação da prefeita e decide que o pagamento dos atrasados deve ser
feito em até 48 horas após a notificação sob pena de multa diária no
valor de R$ 2 mil.
O secretário de governo declarou que a prefeitura vai recorrer da
decisão, contudo, sabe-se que a prefeita ainda não recebeu a intimação.
Sampaio disse ainda que quando decisão judicial se recorre ou se cumpre.
A reportagem do Bocão News tentou, novamente, contato telefônico com a
prefeita. As ligações chamavam até cair na caixa de mensagem. Em seguida
começaram a ser bloqueadas após alguns toques e, por fim, a ligação foi
remetida diretamente para a caixa.
Fonte: Bocão News |
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