Andrea Trindade
O coronel Martinho esteve no programa Acorda Cidade ao vivo nesta
sexta-feira (29) para prestar esclarecimento à sociedade sobre a fraude
na Campanha do Desarmamento, que está sendo investigada pela Polícia
Federal.
Ele foi conduzido à delegacia na manhã de ontem (28) para prestar
esclarecimentos e vai responder um processo por possuir uma arma sem
documentação. A arma foi encontrada na casa dele, durante o cumprimento
de um mandado de busca e apreensão.
O delegado da Polícia Federal, Wal Goulart, informou que não foi
encontrada durante as investigações nenhuma prova que o incrimine. Porém
o coronel forneceu a senha, que é intransferível, para o coordenador
nacional da ONG Movpaz Brasil, Clóves Nunes, e seu irmão, Carlos Nunes,
ambos suspeitos de integrar uma suposta organização criminosa que de
posse da senha lançava no sistema armas inexistentes ou de fabricação
caseira, que não são indenizáveis.
A indenização, que varia de R$ 150 a R$ 400 reais, a depender do
calibre, são válidas apenas para armas de fabricação industrial,
entregues nos postos. No entanto, segundo o delegado, das 8.820 armas
lançadas nos sistema apenas 400 eram indenizáveis.
“Eu reconheço que falhei ao passar a senha. Não tem como negar. Não
busquei rodeios, nem desculpas, porque eu não iria incriminar uma pessoa
que não tem culpa, se fosse o caso, e dizer que foi ele que pegou a
senha. Eu disponibilizei a senha, mas não para ele cometer o crime. O
fato é que não existe participação minha nessa fraude, nem de forma
intelectual nem operacional. Não existe prova na apuração e nem vai
aparecer”, declarou o coronel afirmando que em seu depoimento na
delegacia deixou claro que não tem envolvimento doloso na fraude.
Matinho disse que achou estranho o grande número de armas artesanais,
mas afirmou que não foi informado de que para a entrega daquele tipo de
arma não cabia pagamento de indenização. Ele contou como a polícia
passou a fazer parte da campanha:
“A Casa da Paz, foi o primeiro posto de arrecadação de armas no Brasil. O
Ministério da Justiça, acredito que no início de 2010, realizou uma
investigação no país e constatou que algumas entidades estavam cometendo
irregularidades com a campanha de desarmamento e resolveu caçar essa
arrecadação de armas nos postos. Em seguida, convocou as polícias para
que de uma forma geral, instalem postos de arrecadação em seus
quartéis”, contou informando que a entrada da PM na campanha aconteceu
após suspeitas de irregularidades.
- Todas as providências legais foram executadas e eu fiquei responsável
pela senha que abria o sistema para fazer o lançamento de dados das
entregas de armas. Mas quem fazia esses lançamentos era Carlos Nunes, e o
irmão dele, Clóves Nunes. Eles já faziam na Casa da Paz, continuaram
fazendo no batalhão, em meu gabinete, no computador do comandante.
Carlos Nunes fazia os lançamentos e depois eu fechava o processo com a
senha. Isso foi feito no período de um ano no por aí. De maio para
junho, a campanha já havia ganhado corpo e o número de armas só
aumentava. Foi aí que eu designei um policial para, em um horário mais
folgado de seu trabalho, ajudar Carlos Nunes nesses lançamentos de
dados, até que chegou um determinado momento em que nem sempre eu estava
no gabinete para abrir e fechar e dar continuidade a operacionalidade
do sistema. Foi aí que passei a minha senha ao policial. O tempo foi
passando e um desses policiais, eram dois, entrou em gozo de férias, e
Carlos Nunes já havia ganhado naquela altura uma certa confiabilidade e
eu passei a senha.
Martinho disse que estava com muitas atribuições no Batalhão quando
forneceu a senha e um tempo depois foi beneficiado com o afastamento por
tempo de serviço. Ele saiu do batalhão e desde então perdeu o contato
com Clóves Nunes e o irmão.
Ainda durante a entrevista o coronel disse que reconhece que foi negligente ao fornecer a senha.
Fonte : Acorda Cidade
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