Letícia, de 7 anos, a primeira paciente com internação prolongada no
Hospital Estadual da Criança (HEC) / Gestão IMIP Hospitalar deixou a
Unidade de Terapia Intensiva do hospital nesta terça-feira, 8 de abril, e
voltou ao convívio familiar, no bairro Caraíbas, em Feira de Santana,
após passar a maior parte de sua vida em hospitais pediátricos.
Diagnosticada com insuficiência respiratória crônica, a paciente depende
de oxigênio e ventilação mecânica, apenas no momento de dormir. Durante
o dia, ela leva uma vida independente do respirador. Foram 5 anos de
internação, sendo 1 ano e 7 meses na UTI pediátrica do Hospital Geral
Clériston Andrade (HGCA), e mais 3 anos e 5 meses na UTI do HEC, onde
passou a viver logo após a inauguração do hospital, em 2010. Durante
todo esse tempo, a menina saiu do hospital apenas uma vez: foi a um
shopping da cidade visitar o Papai Noel, em 2012.
De acordo com o pediatra Márcio Torres, que acompanhou o tratamento de
Letícia desde a internação no HGCA, ela evoluiu clínica e
cognitivamente, o que possibilitou a sua volta para casa. “Há muito
tempo vimos que Letícia tinha condições de ir para a internação
domiciliar. Nunca desacreditamos dessa possibilidade, no entanto, as
condições sociais não eram favoráveis”, relatou o pediatra, ao lembrar
que a residência da família não tinha a estrutura necessária para
acolhê-la, o que foi resolvido após uma reforma total.
Emoção - Quem já passou pelo HEC, seja paciente ou
funcionário, conhece a história e a alegria de Lelê, como é
carinhosamente chamada. A menina é muito querida por todos e no momento
da despedida, uma verdadeira festa foi preparada pela equipe
multidisciplinar e grupo de humanização. Teve bolo, balões pendurados,
tapete vermelho, coroa de princesa e toda a animação da turma dos
Terapeutas do Riso, grupo que realiza trabalho de humanização baseado em
musicoterapia em hospitais da Bahia.
“Hoje o meu sonho foi realizado. Estou muito feliz por ter minha filha
de volta em casa e totalmente preparada para cuidar”, relatou emocionada
a mãe da paciente, a dona de casa Erenilda Peixoto, que cuida da filha
em tempo integral, além de dar atenção aos outros oito filhos do casal.
O pedreiro Crispim Anunciação, pai da Lelê, também expressou bastante
alegria e gratidão. “A volta da minha filha para alegrar o nosso lar não
tem preço. Agradeço a toda a equipe que cuidou dela por todo esse
tempo”.
Ao chegar em casa e encontrar um quarto todo rosa e cheio de brinquedos,
Letícia ficou um pouco desambientada, até por não lembrar mais do
convívio em uma casa, mas logo acostumou com o seu cantinho,
especialmente decorado para ela.
Válvula de fala - Após avaliação com a equipe de
fonoaudiologia do HEC, foi indicada a utilização de um equipamento
chamado válvula de fala, destinado a pacientes que fazem uso de
traqueostomia, com a finalidade de auxiliar na retomada da fala com som.
A direção do HEC se comprometeu a comprar a válvula para a criança.
Letícia é a sétima criança com enfermidade crônica a participar do
programa de desospitalização do HEC, que tem o objetivo de humanizar o
tratamento de pacientes com internação prolongada, possibilitando a
saída segura do ambiente hospitalar, por meio da adaptação ao convívio
doméstico, além do treinamento dos familiares para a internação
domiciliar. Ela foi contemplada pelo programa de oxigenoterapia da
Secretaria de Saúde da Bahia (Sesab), que disponibiliza equipamento para
suporte respiratório.
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