Foto: Tiago Melo/Bahia Notícias
O
grupo da Fundação Dr. Jesus, mantida pelo deputado estadual Pastor
Sargento Isidório (PSB), faz uma verdadeira festança na manhã desta
terça-feira (5), no estacionamento da Assembleia Legislativa da Bahia
(AL-BA), no Centro Administrativo (CAB), em Salvador. Um carro de som,
que ecoa (em volume elevadíssimo) canções evangélicas em ritmo de
arrocha e tecnobrega, dá o ritmo de dezenas de manifestantes que
batem-coxa enquanto cobram “Justiça”. Entre mesas e cadeiras espalhadas,
os internos e ex-internos se esbaldam em refrões como “olhe para a
pessoa mais bonita do seu lado e diga: catequizando”, como aponta uma
das músicas do hit parade. De acordo com a coordenação da mobilização,
até o final do dia espera-se reunir 1.128 pessoas (número exato mesmo),
entre internos, ex-internos e familiares. Segundo os organizadores do
“evento”, o destino é a sede do Grupo Metrópole, na Rua Conde Pereira
Carneiro, em Pernambués. Há duas semanas, o jornal da emissora denunciou
supostas irregularidades da entidade, a exemplo de maus tratos aos
pacientes. Várias faixas e cartazes são exibidos pelos inflamados
manifestantes, com frases de efeito contra o proprietário do veículo,
Mário Kertész, pré-candidato a prefeito da capital baiana pelo PMDB.
O chamado “Exército de Jesus” está equipado com mantimentos,
colchonetes, bebidas e promete acampar na Metrópole até que o
peemedebista faça uma retratação pública e abra o microfone para os
liderados de Isidório se defenderem, ao vivo. Se for necessário, eles
prometem dormir lá. “A gente quer que ele [Mário Kertész] prove o que
disse, que os internos são alimentados somente duas ou três vezes por
semana e que há um cemitério em nosso quintal”, bradou o funcionário
Ronald Dias, em entrevista ao Bahia Notícias, ao dizer que a reportagem
do JM “deduziu” os fatos, pois não esteve na fundação, localizada em
Candeias. “As portas da nossa casa estão abertas para ele”, completou. O
ex-paciente André Santana, que ficou nove meses internado e saiu do
“Dr. Jesus” há um ano e quatro meses, explicou que haveria uma possível
distorção na interpretação dada pela empresa de comunicação ao
tratamento recebido pelos internos. “Eu usava todos os tipos de drogas:
crack, cocaína, maconha, cachaça. Vivia no meio da rua, quase como um
mendigo, e já tinha vendido tudo em casa. No centro pude conhecer o
cristianismo e hoje estou curado. No início da internação assistimos a
um vídeo com as regras da unidade e do tratamento. O jejum acontece em
dias alternados e somente até o meio dia. O que liberta é o jejum e a
oração. O jejum é voluntário e, segundo a própria Bíblia, uma forma de
libertação”, atestou, ao salientar ainda que “os trabalhos [aos quais
seriam obrigados a fazer] são para a manutenção da própria casa”. Para
não perder o “efeito-surpresa”, os militares de Cristo, ou melhor, de
Isidório, não revelam o horário em que pretendem chegar à Metrópole.
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