Por: Sebastião Sampaio
PESQUISA MOSTRA UM PANORAMA DOS CRIMES ENVOLVENDO AGÊNCIAS BANCÁRIAS
A Bahia é o terceiro estado com maior número de mortes em assaltos a
bancos no País, aponta levantamento, divulgado nesta sexta-feira, 19, da
Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro
(Contraf-CUT) e Confederação Nacional dos Vigilantes CNTV.
A pesquisa, elaborada com o apoio técnico do Departamento Intersindical
de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), mostra que o número
de casos no Brasil cresceu 11,1% no primeiro semestre deste ano na
comparação com igual período do ano passado.
Ainda segundo o levantamento, o total de vítimas passou de 27 para 30.
Na Bahia, foram três vítimas. São Paulo, estado que concentra maior
número de casos (46%), registrou 14, enquanto Rio de Janeiro teve cinco.
Cerca de 60% dos casos, 18 mortes, correspondem aos assaltos ocorridos
quando os clientes saem da agência, crime conhecido como saidinha
bancária.
"O que mais nos preocupa é essa curva de crescimento constante, porque
foram 23 casos em 2011, passamos para 27 e chegamos a 30. Não se tem
medidas por parte do setor financeiro que reduzam essas mortes", avaliou
José Boaventura Santos, presidente da CNTV.
Os clientes continuam sendo as principais vítimas dos assaltos
envolvendo bancos. Foram 21 casos no primeiro semestre deste ano, um
aumento de 40% em relação ao mesmo período do ano passado. Os vigilantes
aparecem em seguida, com quatro mortes. Segundo a CNTV, existem cerca
de 700 mil vigilantes no país, sendo que 25% trabalham em instituições
bancárias.
"Isso significa que ir a um banco hoje pode ser uma operação de risco",
acrescenta Boaventura. Quase a totalidade das mortes (93,3%)
correspondem a pessoas do sexo masculino. "Geralmente os homens sacam
quantias maiores de dinheiro e são também maioria nas atividades de
segurança. Eles estão mais expostos ao risco e reagem mais à ação dos
assaltantes", avalia.
Insegurança
Ele acredita que faltam investimentos por parte das instituições
bancárias que garantam aos clientes uma movimentação segura. "Foram
investidos R$ 3,1 bilhões em segurança e vigilância em 2012, enquanto o
lucro dos seis maiores bancos superou R$ 51 bilhões. E esse cálculo
ainda envolve proteção de crimes eletrônicos, ou seja, o investimento
real para segurança da vida das pessoas ainda é menor", apontou. O
levantamento aponta que os bancos foram multados pela Polícia Federal em
R$ 8,8 milhões pelo descumprimento de normas de segurança.
Como medidas de prevenção que poderiam ser adotadas, Boaventura aponta a
instalação de biombos e divisórias, além de câmeras e portas de
segurança. "A porta, por exemplo, deveria se tornar obrigatória.
Defendemos também a blindagem das fachadas", sugeriu o presidente da
confederação. Ele destacou que em João Pessoa, capital da Paraíba, onde
uma lei municipal obriga a instalação de divisórias, não foram
registrados crimes de saidinha bancária.
A Federação Brasileira de Bancos (Febraban) foi procurada pela Agência
Brasil para comentar os dados, mas não retornou até o momento da
publicação da reportagem. /Radarnoticia
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