Daniela Cardoso
Uma fiscalização do Procon em estacionamentos de Feira de Santana nesta segunda-feira (16) terminou em confusão e com a condução do vereador David Neto à delegacia. A fiscalização estava sendo realizada no estacionamento do Caroá, que foi interditado por descumprir uma lei municipal que determina uma tolerância de 10 minutos, após o fechamento da hora. O vereador, que estava no local, questionou se havia mandado judicial para a interdição e tentou impedir o fechamento dos portões.
“O Procon está realizando uma fiscalização de rotina. Já são 64
estacionamentos fiscalizados, com oito interditados. Hoje houve um
pequeno problema, onde o vereador queria atrapalhar a ação do Procon, no
sentido de interditar o estacionamento. Ele disse que o estabelecimento
não iria ser fechado e tentou impedir, inclusive fisicamente, a
execução da ordem”, informou o promotor de justiça Savio Damasceno,
acrescentando que não houve desacato, mas que o vereador irá responder
pelo crime de menor potencial ofensivo, que é o de desobediência.
O vereador David Neto disse que o promotor cometeu erros, pois não tinha
documentação que permitisse a interdição do estacionamento. Ele
informou que vai entrar com uma representação no Ministério Público
contra o promotor e também contra o Procon.
“Quando eu cheguei ao estacionamento, estava tendo aquele burburinho,
gente correndo e fechando o portão. Eu perguntei o motivo e me disseram
que o estacionamento não estava cumprindo uma lei e por isso seria
interditado. Perguntei sobre a ordem para fechar o estacionamento e me
disseram que não tinha. Não é porque ele é promotor que vai sair
atropelando os outros. Eu acho que ele errou e não tem denúncia nenhuma
contra a minha pessoa. De maneira nenhuma eu desacatei o promotor”,
afirmou.
A advogada do Procon, Emanuelle Oliveira, confirmou que o vereador David
Neto tentou impedir o fechamento do portão do estacionamento. “O Procon
pediu que fechassem os portões, pois o estabelecimento teria que ser
fechado. O vereador foi abrir o portão e disse que ninguém iria fechar.
Ele afirmou que quantas vezes fechassem, ele abriria”, relatou
acrescentando que não discutiu com David Neto.
Emanuelle explicou ainda que a interdição do estacionamento do Caroá foi
uma medida cautelar, já que o estabelecimento já havia sido notificado
outras vezes pelo órgão. Ela destacou que o papel do Procon é fiscalizar
as leis.
“Existe uma lei municipal que estava sendo descumprida, não apenas pelo
estacionamento do Caroá. Desse modo, a lei nos possibilita interditar o
estabelecimento até que se regularize a situação”, declarou.
O advogado do estacionamento Caroá, João Maia Filho, afirmou que a lei é
inconstitucional e que se ela tivesse sido criada pela câmara dos
deputados, seria cumprida. O advogado declarou ainda que o poder
legislativo municipal de Feira de Santana não tem competência para criar
esse tipo de lei.
“A lei é feita para ser cumprida, mas antes disso é preciso ver como foi
criada. Trata-se de uma lei que trata de direito comercial. O grande
problema está em você dar 10 minutos para alguém estacionar dentro da
sua área e ainda se responsabilizar pelos danos causados. Então vamos
criar tolerância no motel, no aluguel... Existe um custo, e quem vai
pagar? tem que haver limites. O Procon está fazendo o papel dele e deve
fiscalizar. Nós vamos cumprir a decisão, mas vamos entrar com uma ação e
pedir a suspensão”, afirmou João Maia.
As informações e fotos são do repórter Ed Santos do Acorda Cidade
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