Um idoso de 100 anos sobreviveu ao temporal que atingiu a cidade de
Lajedinho, a cerca de 355 km de Salvador, na Chapada Diamantina, no
último sabado (7). O homem ficou abrigado com a filha por três horas
dentro de uma caixa d'água da casa onde morava.
“A gente conseguiu jogar ele dentro do tanque e ele ficou lá três horas
dentro da água comigo. Quando a água baixou e veio o socorro a gente
saiu na corda”, conta a dona de casa Vera Rodrigues. “Ele foi forte
porque ele não desgrudava em momento nenhum. Ele me apertava assim, me
agarrava e eu agarrada com ele, e aí a gente está aqui. A gente está
aqui salvo”, se emociona.
A chuva durou menos de três horas, mas a quantidade de água era a
prevista para três ou quatro meses. O temporal que atingiu a pequena
cidade da Chapada Diamantina deixou 11 mortos e seis desaparecidos até a
manhã desta segunda-feira (9), de acordo com informações da Defesa
Civil. Cerca de 200 famílias estão desabrigadas.
O aposentado Antônio Santos, morador de um trecho da cidade onde todas
as casas ficaram destruídas, conta que se salvou porque ficou abrigado
no telhado da casa onde mora. “Subi com minha mulher e comecei a jogar
os meninos, aí vieram outros que estavam lá desabrigados e começaram a
me ajudar a puxar dois, o pai e o filho, e aí nós conseguimos sair”,
contou.
Já a dona de casa Joana Lima se emociona ao lembrar do temporal. “Eu não
posso mais ficar aqui. A casa da minha mãe também está toda alagada, a
gente não sabe para onde ir. A cidade toda está desesperada. A cidade
toda”, relata. “A água entrou pela porta da rua, aí eu peguei meus dois
filhos e o filho da vizinha e me tranquei dentro do banheiro. Amanheci o
dia lá”, lembra.
Um dos casos mais tristes foi o do pedreiro Carlos Bispo. Além de perder
a sogra e um cunhado, ele recebeu uma ligação da filha, que pedia
socorro, mas não conseguiu salvar a menina de 11 anos.
“Ela me ligou: ´Painho, vem aqui que está entrando água aqui em casa´.
Quando eu desci, não deu mais tempo. Cheguei ali na ponte, faltou
energia, e aí não consegui ter contato com ela mais. Só tive contato com
o vizinho: ´Ô Régi, pega minha filha e bota no telhado aí, Régi´. Aí
depois fui perdendo o contato com todo mundo. Só vi gente descendo e eu
chorando, mas minha filha morreu", conta enquanto se emociona. As
informações são do G1.
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