O deputado estadual e líder do governo na Assembleia Legislativa, José
Neto, decidiu pedir uma auditoria na saúde de Feira de Santana, após
reclamações de pacientes internados no Hospital Geral Clériston Andrade
(HGCA). Ele disse que já conversou com o secretário estadual de Saúde,
Jorge Solla. Segundo Zé Neto, a situação do Clériston piorou após cortes
no atendimento de urgência e emergência, em hospitais do município.
“Vamos fazer uma auditoria pesada na saúde em Feira de Santana para saber onde foi parar o dinheiro, pois o município cortou 20% linear do SUS, o atendimento de obstetrícia e o de urgência e emergência do Hospital Dom Pedro de Alcântara. Só no HTO, o município cortou 30% dos atendimentos ortopédicos. Como é que o Clériston não vai estar sobrecarregado?” questionou.
O deputado afirmou ainda que o município cortou esses atendimentos do
Dom Pedro, por não aceitar os investimentos realizados pelo Governo do
Estado na unidade de saúde.
“Implantamos a radioterapia, a cardiologia, 12 leitos de UTI, e para
quebrar a condição que estamos dando, o município fechou as portas do
pronto socorro e da maternidade. Agora, para completar, o município vai
fechar a Materdei, que é a maior clínica de Feira de Santana no
atendimento a parturientes”, afirmou.
Paciente aguarda cirurgia
Cinco dias após decepar o dedo na porteira da casa onde mora, no
distrito de Maria Quitéria, em Feira de Santana, Cássia Silvana Santana
Pereira, 22 anos, continua internada no Hospital Geral Clériston Andrade
(HGCA) aguardando regulação para fazer a cirurgia em um hospital de
Salvador, já que em Feira esse tipo de cirurgia não está disponível pelo
SUS (Sistema Único de Saúde).
Na manhã desta quinta-feira (5), a mãe de Cássia, Crispiniana Pereira,
entrou em contato com o Acorda Cidade para cobrar providências das
autoridades. Ela afirmou que até o momento aguarda uma resposta sobre a
regulação. O medo de Crispiniana é que a filha perca o dedo, devido ao
tempo de espera pelo procedimento cirúrgico.
“Aqui no Clériston foi prestado os primeiros socorros, mas o médico
disse que não tem como atendê-la para realizar o procedimento indicado.
Conversei com o diretor do hospital e ele me pediu que procurasse a
Defensoria Pública para prestar uma queixa. Ontem eu passei o dia indo a
emergências de hospitais para tentar uma solução e encontrei um médico,
especialista em mão, que atende no Emec e no HTO. Porém nesses
hospitais a cirurgia custa 4 mil reais e não temos condições de pagar.
Eu peço que as autoridades da cidade nos ajudem”, afirmou.
Clériston propõe mutirão
O diretor do Clériston Andrade, José Carlos Pitangueira, disse ter
conhecimento da situação de Cássia e informou que outras duas pessoas
também aguardam para fazer a cirurgia de mão. Segundo ele, essa cirurgia
é realizada apenas por clínicas particulares em Feira de Santana. Pelo
SUS, tem que aguardar a regulação, assim como em toda a Bahia.
“O Clériston não está habilitado para fazer cirurgia de mão. Temos
necessidade de ajuda e essa ajuda tem que ser dentro de Feira de Santana
e não de Salvador. Temos na cidade clínicas conveniadas pelo SUS com
profissionais habilitados, e porque não faz um mutirão? Quero saber se
só o Cleriston vai operar ortopedia em Feira de Santana”, disse. “O
Clériston Andrade sozinho não vai resolver. Podemos ajudar, mas dentro
dos nossos limites. Se fizer esse mutirão com as clínicas conveniadas, a
situação vai se resolver”, acrescentou.
Cota para atendimento do SUS
A secretária municipal de Saúde, Denise Mascarenhas, disse que existe
cota de cirurgias de média complexidade e que cirurgia de mão não tem
disponível pelo SUS em Feira de Santana. Ela informou que já conversou
com um grupo de cirurgiões de mãos e está aguardando a resposta deles
para ver o que pode ser feito.
A secretária disse ainda que o problema da ortopedia não é apenas em
Feira de Santana, mas em toda a Bahia. Apesar disso, ela afirmou que a
secretaria, junto com os prestadores, está cobrando o que está pactuado
em nível de média complexidade. Quanto aos mutirões, Denise disse que
eles não são mais realizados.
“Podemos ver o que fazer e com quais recursos para melhorar essa
situação. Dentro do que estamos habilitados para fazer, estamos fazendo.
As cotas de ortopedia estão se esgotando muito rápido, devido ao alto
número de atendimentos necessários e eu tenho que respeitar o
chamamento”, afirmou.
Outra reclamação
O sindicalista Liomar Ferreira também reclamou sobre a demora de
atendimento no Clériston. Segundo ele, um senhor de mais de 60 anos está
internado no hospital aguardando um exame para a realização de uma
cirurgia há cerca de 11 dias.
“Recebi o apelo de um familiar de um cidadão que está internado no
Clériston há 11 dias. Ele foi internado para fazer a amputação de um
dedo e ainda aguarda a ida a Salvador para fazer um exame e depois fazer
a amputação. Ele está no corredor do Clériston aguardando e, enquanto
isso, ele e os familiares sofrem”, disse.
Com informações do repórter Paulo José do Acorda Cidade
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