"Depois
de duas horas de insistência para que atendessem minha filha,
o médico olha para a menina e passa apenas um antibiótico.
Isto é um absurdo". O desabafo é de Jandira Moreira,
que levou a filha de 8 anos para o Hospital Estadual da Criança
(HEC), em Feira de Santana, e saiu insatisfeita com o atendimento
da unidade.
A menina deu um
mau jeito no pescoço e não aguentava sequer ficar em
pé. "Acredito que pode ter atingido a coluna. Eles disseram
que não iam atender porque não era emergência,
mas depois de duas horas de muita reclamação e com a
chegada da imprensa, o médico resolveu atender", afirmou
a mãe.
A reclamação
de Jandira se junta a inúmeras feitas nos meios de comunicação
nos últimos dias devido ao não atendimento na emergência
do HEC, que estava atendendo apenas casos graves.
As reclamações
fizeram com que a Secretaria da Saúde do Estado (Sesab) anunciasse
mudanças na emergência, que agora só atenderá
casos de alta complexidade. "O HEC foi criado para atendimento
de alta complexidade e não para casos que podem ser tratados
nas unidades básicas", informou o secretário Jorge
Solla.
Outra mudança
é quanto a faixa etária. A unidade atenderá pacientes
entre 0 e 14 anos incompletos. "O HEC estava atendendo pacientes
de até 18 anos. Os mais velhos podem ter atendimento em outras
unidades destinadas para adultos, pois estamos priorizando a criança".
Solla ponderou,
no entanto, que "isto não quer dizer que, caso chegue
um paciente grave que não esteja dentro desta faixa, ele não
terá atendimento".
Cultura
Segundo o secretário,
o maior problema é a cultura da população que
não aceita que uma criança seja atendida por um clínico-geral
no lugar de um pediatra. Segundo ele, levantamento feito na unidade
este ano mostra que cerca de 80% dos atendimentos foram de casos de
média e baixa complexidades.
"As pessoas
querem que os filhos sejam atendidos por pediatras e acham que o hospital,
por ter uma estrutura maior, deve fazer este atendimento, só
que isto acaba por comprometer o atendimento de maior gravidade. Vamos
investir em propaganda para orientar as pessoas sobre o papel de cada
unidade de saúde", destacou.
Solla disse que
a decisão foi tomada após uma reunião com representantes
da Secretaria Municipal da Saúde (SMS), Conselho Municipal
de Saúde, Ministério Público do Estado e Defensoria
Pública.
"Quando o
paciente chegar à unidade básica e for detectado que
ele precisa de atendimento de alta complexidade, ele será regulado
para o HEC. No caso contrário, ele passará pela a equipe
de triagem e será encaminhado à unidade básica
mais próxima", disse.
Para a secretária
municipal da Saúde, Denise Mascarenhas, a rede básica
do município vem fazendo isso, tanto que, segundo ela, de janeiro
a junho deste ano, cerca de 40 mil crianças foram atendidas
nas unidades.
"Só
que realmente a população não aceita que as crianças
sejam atendidas por médicos generalistas, e nós não
temos como colocar pediatras. A lei não permite. Mas estamos
abertos para fechar parceria com o Estado e mudarmos esta realidade".
Fonte:
Atarde
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