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            condições dos alojamentos e falta de oferta de água 
            e alimentação de qualidade foram identificados na manhã 
            desta quarta-feira, 22 de janeiro de 2014 na usina de cana-de-açúcar 
            da União Industrial Açucareira (Unial), localizada no 
            município de Amélia Rodrigues.
          A 
            equipe de inspeção formada por um procurador do Ministério 
            Público do Trabalho (MPT) e por dois auditores do Ministério 
            do Trabalho e Emprego (MTE) confirmou parte das denúncias feitas 
            por um grupo de lavradores que, revoltados com as condições 
            de alojamento e de fornecimento de água e alimentos nas frentes 
            de trabalho, paralisou as atividades de corte de cana desde a última 
            sexta-feira (17/01/14). 
          O 
            MPT recomendou que a empresa fizesse a demissão indireta de 
            todos os lavradores que se decidissem deixar a usina, garantido a 
            eles os valores referentes a uma demissão normal. 
             
            O grupo de lavradores chegou a impedir a saída dos ônibus 
            que fazem o transporte diário dos trabalhadores para as lavouras 
            de cana-de-açúcar, o que resultou na paralisação 
            das atividades da usina desde o último sábado. Durante 
            os protestos, segundo relatos de prepostos da Unial, os lavradores 
            queimaram plantações e se apossaram das chaves dos cadeados 
            da área de alojamento, além de atear fogo em colchões. 
            Eles reclamavam da falta de condições dignas nos dormitórios 
            e nas frentes de trabalho. A equipe de inspeção chegou 
            por volta das 9h desta quarta ao local do alojamento, escoltada por 
            uma equipe da Polícia Federal e ouviu o relato dos trabalhadores, 
            além de verificar os dormitórios e sanitários. 
            Em seguida, se reuniu com prepostos da empresa.
          
   
            Rafael Garcia com cortadores de cana e quarto para 
            catadores 
 
            A Unial se comprometeu a pagar o valor integral da rescisão 
            de contrato de trabalho de todos os que optassem pela demissão 
            indireta, que é quando o trabalhador adquire os direitos de 
            receber como se tivesse sido demitido e função da caracterização 
            de descumprimento do contrato de trabalho por parte do contratante. 
            “Confirmamos in loco que a Unial está descumprindo a 
            lei no que se refere à garantia de condições 
            dignas de alojamento para os trabalhadores e isso configura caso de 
            demissão indireta. Caso a empresa se negue a pagar as rescisões 
            de quem quiser deixar a usina, o MPT entrará com medidas judiciais 
            para garantir o direito dos lavradores”, explicou o procurador 
            do trabalho Rafael Garcia durante a inspeção. 
             
            Os auditores da Gerencia do Ministério do Trabalho e Emprego 
            de Feira de Santana que estiveram no local devem encaminhar nos próximos 
            dias uma série de autos de infração para a Unial. 
            “Somente após analisarmos os dados colhidos e produzirmos 
            o relatório da inspeção, saberemos o número 
            de autos”, informou o auditor fiscal do trabalho Antônio 
            Carlos Teles, que conduziu a fiscalização ao lado de 
            Jilney Esperidião. Eles também solicitaram que a empresa 
            apresente nos próximos dias os comprovantes de pagamento das 
            indenizações trabalhistas de todos os que decidirem 
            deixar a usina em função das más condições 
            de trabalho. Eles também apresentarão uma série 
            de recomendações para que a empresa corrija as falhas 
            detectadas durante a inspeção. 
             
            Impasse começou na sexta-feira 
             
            Segundo o lavrador Jucimar Ribeiro da Silva, os problemas começaram 
            na sexta-feira (17/01/14) quando parte dos trabalhadores que estavam 
            alojados na usina se rebelou contra as condições oferecidas 
            pela empresa. “A gente parou porque não aceitava mais 
            ficar nessas condições, com insetos e um calor insuportável 
            no alojamentos e tendo que dormir em colchões improvisados, 
            sem falar que a água que a empresa fornecia nas frentes de 
            trabalho acabava às 9h, deixando a gente com sede o dia todo”, 
            relatou. Outra situação apontada pelos cortadores de 
            cana foi o transporte de suas cidades de origem sem registro em carteira. 
            “Saí de Matina-Ba e só aqui eles assinaram minha 
            carteira”, revelou Alexandre de Jesus Santos. Eles ainda reclamam 
            das condições do equipamentos de proteção. 
            “Tem bota furada e eles só dão mangote para um 
            braço”, afirmou Marlito Ferreira Monte. 
             
            Depois de cinco dias com as atividades do corte de cana paralisadas 
            – a safra na região vai de outubro a abril –, nessa 
            quarta-feira (22/01/14) os trabalhadores em greve permitiram que os 
            ônibus da usina levassem os que quisessem voltar ao trabalho. 
            Pouco mais de 20 seguiram para o campo. Os trabalhadores e representantes 
            da empresa conversaram na presença dos auditores e do procurador 
            e ficou acertado que os que quiserem continuar trabalhando não 
            serão impedidos e quem preferir deixar a propriedade receberá 
            a indenização trabalhista integral até sexta-feira. 
            A comprovação dos pagamentos será feita posteriormente 
            através de envio de recibos e relatório pela empresa 
            à Gerência do Trabalho e Emprego de Feira de Santana. 
Fonte: 
            MPT-BA  
 
 
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